14-10-2003

Camisinha insegura?

Representantes da Igreja Católica vêm sendo acusados de "desserviço" à Saúde, por suas declarações de que "o uso de preservativos não é capaz de barrar o vírus da Aids".

Entre outras afirmações "bombásticas", o cardeal colombiano Alfonso Lopes Trujillo, presidente do Conselho Pontifício para as Famílias do Vaticano, disse à BBC de Londres que "ninguém pode falar em 'sexo seguro', levando às pessoas a pensar que o uso do preservativo é a fórmula para evitar o risco de contrair o HIV ou acabar com a pandemia de Aids".

Sugeriu que o vírus é capaz de passar por pequenos "poros" do látex, por ser "450 vezes menor" do que o espermatozóide. "Gostaria de lembrar ao público a opinião de boa parte de experts, segundo a qual é possível ficar grávida usando a camisinha como contraceptivo".

Falar que o preservativo permite sexo seguro, para o cardeal, "é uma forma de Roleta Russa, pois estudos revelam permeabilidade de 15 a 20% dos casos". Trujillo propôs, ainda, que os eventuais "perigos" de sexo com preservativos fossem destacados nas embalagens dos produtos – a exemplo do que acontece nos maços de cigarro, sobre a relação nicotina/câncer.

Teoria discutível
Ao que tudo indica, a opinião de Trujillo não deve ser considerada isolada dentro da fé católica: como mostrou o programa Sexo e a Cidade Sagrada, da BBC, cardeais, bispos, padres e freiras de vários continentes têm participado da "campanha". A rede de TV veiculou, entre outras, as imagens de uma freira católica aconselhando um homem HIV positivo a não usar preservativo em relações sexuais com a esposa soronegativa "porque o vírus pode passar" e do arcebispo de Nairóbi, Raphael Ndingi Nzeki, garantindo: "a Aids está se espalhando tão rapidamente por causa da disponibilidade de preservativos".

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) se manifestou – veementemente – sobre o assunto, baseada em sucessivas pesquisas realizadas ao longo de dez anos, atestando a segurança do preservativo: segundo a OMS, seu uso "consistente e correto" reduz em 90% o risco de infecção por HIV. O risco só não é nulo porque preservativos podem romper-se ou deslocar-se.

O porta-voz da OMS enfatizou: "estamos enfrentando uma pandemia que já matou mais de 20 milhões de pessoas e que afeta cerca de 40 milhões. Há provas suficientes de que os preservativos impedem a transmissão do HIV". Ou seja, não são porosos.

Fontes: Yahoo! News; O Estado de São Paulo; O Globo e The Guardian

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