12-07-2003

Fracassa a cirurgia para separação de siamesas

A torcida do mundo inteiro e o empenho dos médicos não ajudaram as iranianas Laleh e Ladan Bijani, 29 anos, a realizarem seu maior sonho: viverem separadas. No dia 8 de julho, após dois dias de delicada cirurgia para desprender seus cérebros, as gêmeas siamesas morreram, em conseqüência de importante hemorragia.

Apesar do - triste - desfecho, pode-se dizer que o caso das irmãs é um verdadeiro exercício de respeito à autonomia: devidamente avisadas pelos especialistas de que teriam 50% de chances de sobreviver à cirurgia, preferiram correr o risco a viver de forma tão limitada.

Prova da certeza quanto à decisão: em 1996, Laleh e Ladan já tinham solicitado a neurocirurgiões alemães que fizessem a operação, mas estes se recusaram, por considerá-la arriscada demais.

Tiveram que esperar até julho de 2003, quando uma equipe de 28 especialistas ponderou pelo delicadíssimo procedimento, que aconteceu no Hospital Raffles, em Cingapura, Ásia. Nele, os cérebros de Laleh e Ladan - que se fundiram, depois de tanto tempo comprimidos dentro de uma mesma cavidade craniana - foram separados, milímetro por milímetro.

Quatro dias depois da morte, Benjamin Carson, médico que participou da cirurgia e que dirige o setor de neurologia pediátrica do Centro Infantil Johns Hopkins, em Baltimore, EUA, admitiu alguns erros da equipe. Segundo ele, a cirurgia deveria ter sido feita em três ou quatro etapas durante algumas semanas e não em um único procedimento.

Mesmo assim, considerou: "haverá um dia em que gêmeos como elas terão vidas normais e uma separação segura. Ladan e Laleh terão contribuído significativamente para isso".

Os corpos das duas irmãs foram enterrados em caixões separados, na vila iraniana onde nasceram.

Fontes: BBC Brasil e BRfree