Durante reunião com ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e com líderes do governo no Congresso, o presidente Lula solicitou à base aliada que não tome posição sobre eventual descriminalização do aborto.
De acordo com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), o governo não vai interferir nesse tema “que é da consciência religiosa de cada um”.
A questão veio à tona recentemente, quando o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu a realização de plebiscito para debater a prática – proposta, aliás, já aprovada pelo Senado: assim que empossado, em março, temporão chegou a defender que a descriminalização do aborto “era, antes de tudo, uma questão de saúde pública, porque milhares de mulheres morrem todos os anos submetendo-se a abortos inseguros”.
Ao identificar a controvérsia (chegou a ser alvo de protesto organizado pelo Movimento em Defesa da Vida – Brasil Sem Aborto), o ministro desconversou. “Do ponto de vista da saúde pública, minha visão é pela legalização, mas não gostaria de me posicionar agora porque, quando o debate for aprofundado, poderei captar com mais sutileza as diversas posições e posturas sobre o assunto”.
Apesar de pedir a retomada do debate, a ministra da Política para as Mulheres, Nilcéa Freire, garantiu ao jornal Folha de S. Paulo ser contrária ao plebiscito.
“Se, no decorrer do debate, a sociedade entender que deve haver alguma forma de participação popular, eu não descarto. Mas não no começo. Até porque são questões diferentes: se você perguntar para as pessoas se são contra ou a favor ao aborto, é uma questão; se perguntar se são contra ou a favor a que as mulheres possam ser presas de um a três anos porque realizaram um aborto, é uma outra questão”.
Fontes: Correio Brasiliense e Folha de São Paulo
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