Carta reabre discussão italiana sobre eutanásia

“Até dois meses atrás, minha vida era cheia de dificuldades, mas, todos os dias, durante algumas horas, eu podia escrever, ler, pesquisar e me ‘encontrar’ com amigos na Internet”, com a ajuda de meu computador”.

“Agora, sinto como se estivesse caindo de um abismo e sem condições de me segurar. Dia a dia vai ficando pior: estou progressivamente fraco e cansado. Assisto TV até o ansiolítico me fazer dormir e não sentir mais nada, querendo não acordar na manhã seguinte”.

O trecho acima pertence à carta intitulada “Querido presidente, eu quero a eutanásia”,  escrita por Piergiorgio Welby,  portador de distrofia muscular progressiva, ao presidente italiano Giorgio Napolitano.

Conforme texto publicado na edição atual do British Medical Journal, (confira aqui) Welby quer morrer pelo fato de estar preso a uma cama, dependente de ventilação e sem nenhuma esperança de melhora.

De acordo com o BMJ, o octogenário Napolitano se emocionou bastante pela correspondência, expressando “compreensão sincera e solidariedade”. Foi ainda mais longe: declarou que “espera que (a história de Welby) leve a um debate, em locais apropriados, porque a atitude inaceitável seria o silêncio”.

A discussão sobre o – sempre controverso – tema “eutanásia” ficou polarizada, mesmo entre os membros da coalizão de centro-esquerda que elegeu Napolitano, em maio. “Proibir a eutanásia a alguém que está pedindo de maneira lúcida é simplesmente uma tortura” disse o famoso oncologista Umberto Veronesi, ex-ministro da Saúde daquele país.

Tem opinião diferente Franco Marini, membro católico da coalizão e atual presidente do Senado. “A eutanásia não vai ser alvo de discussão nesta Casa”, garantiu.

Veja artigo completo no BMJ, grátis, em arquivo PDF.

Aos assinantes, o BMJ trás outros artigos curiosos: em “Análise e comentário”, Amy L. Friedman, chefe da área de transplante de rins na Yale University Medical School, defende compensação financeira aos doadores de órgãos – desde que controlada e regulamentada. Segundo ela (veja abstract), o ato de legalizar o pagamento a doadores tornaria “o acesso ao sistema mais eqüitativo”.

Em outro artigo (chegue ao abstract), equipe de cientistas escoceses, formada por pesquisadores do Instituto Roslin (conhecido por clonar a ovelha Dolly); Universidade de Edimburgo e serviço de Transfusão de Sangue da Escócia, avisa: para 2007 pretende “abastecer” com células-tronco embrionárias grupos estrangeiros de pesquisadores – contanto que o enfoque seja voltado à pesquisa e à terapêutica.

Promete, ainda, preço acessível.

 


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