Faleceu na madrugada do dia 24 de julho, em São Paulo, o teólogo, filósofo e padre Leocir Pessini – o padre Leo Pessini – um dos mais conhecidos e respeitados bioeticistas brasileiros. Ele era autor/coautor de dezenas de livros, a maioria abordando terminalidade e cuidados paliativos, assuntos nos quais era referência nacional e internacional.
Doutor em Teologia Moral, com especialização em Bioética, se destacou, entre outros motivos, pela preocupação no acompanhamento de pessoas no final da vida e de suas famílias. Como bioeticista, costumava ser um nome sempre lembrado pelos jornalistas, por ocasião de entrevistas sobre um tema delicado: a distanásia – palavra que, segundo dicionário Aurélio, corresponde à morte lenta, ansiosa e com muito sofrimento.
Neste assunto, a propósito, ficou conhecido antes mesmo de publicar o livro Distanásia, até quando prolongar a vida, em 2001. Além deste, foi coautor/autor de livros como Fundamentos da Bioética (1996); Problemas atuais de Bioética (1997, com várias reedições); Humanização e cuidados paliativos (2004); Eutanásia: por que abreviar a vida (2002); e Bioética, um grito por dignidade de viver (2007).
Sua atuação foi fundamental à publicação em português, em 2018, do livro referencial Bioética, uma ponte para o futuro, do bioquímico e pesquisador em oncologia Van Rensselaer Potter, quem cunhou o termo “Bioética”.
Um pouco da biografia
O Padre Leo nasceu em 14 de maio de 1955, na cidade de Ibicaré, Santa Catarina. Iniciou o noviciado em 1975, tornando-se sacerdote em 1980.
Licenciou-se em Filosofia na Escola Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e em Teologia na Universidade Pontifícia Salesiana, em Roma. Cursou Educação Pastoral Clínica e Bioética no St. Lukes’s Medical Center, Estados Unidos, entre 1982 e 1985.
Entre suas (diversas) funções estiveram a de Capelão do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP); professor do Programa de Bioética do Centro Universitário São Camilo (SP), nos cursos de graduação em saúde, Mestrado, Doutorado, e Pós-Doutorado em Bioética de 2005-2016.
Em 2015, foi eleito Líder Mundial (Superior Geral) dos Religiosos Camilianos – Ordem Religiosa da Igreja Católica que atua no âmbito da saúde em mais de quarenta países, nos cinco continentes.
A Coordenação da Pastoral da Saúde Nacional da CNBB emitiu nota oficial na qual lembrou, entre outros pontos, sua “preocupação pelo acompanhamento às pessoas no final da vida e suas famílias”. A Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), por sua vez, destacou que o padre Leo deixa "uma inestimável herança de Bioética, marcada pela solidariedade diante de todo sofrimento".
Algumas frases de Leo Pessini
(em entrevista exclusiva ao site do Centro de Bioética)
• Apelei à psicologia e à Bioética, além da espiritualidade e da racionalidade, para achar ferramentas capazes de me orientar
• Em meu trabalho, as questões mais angustiantes estavam ligadas ao pronto-socorro; à UTI; ao velório; ao pós-morte... O final da vida humana se apresentava como um mistério, um grande desafio, o que me obrigou a buscar as razões da minha esperança
• Sabemos que pessoas, muitas vezes, optam por desistir de viver, mas creio que não devamos nem abreviar a vida, nem prolongar e, sim, humanizar e cuidar
• Não nascemos e vivemos para sofrer e, sim, para amarmos e sermos felizes. Essa é a essência da “boa nova” do Evangelho
• A hora da despedida é única na vida de cada pessoa. Aqui, os valores e a fé são fundamentais para dar um sentido à nossa existência
• Por mais avanço tecnocientífico que tivermos pela frente, este jamais conseguirá dar sentido à vida humana.
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