A discriminação ao sexo feminino é cultural, e atravessa toda a história da humanidade. Nesse contexto a violência pode materializar-se como abuso físico, emocional e econômico, sendo importante pauta de discussão bioética na atualidade. O Conselho Regional de Medicina (Cremesp) não poderia furtar-se ao debate: lançou oficialmente, no Dia Internacional da Mulher, oito de março, Bioética e a Violência Contra a Mulher – Um debate recorrente entre profissionais da Saúde e do Direito.
Em Atendimento na Violência Sexual, palestra ministrada por Maria Ivete Boulos, coordenadora do Núcleo de Assistência à Vítima de Violência Sexual do Hospital das Clínicas (FMUSP), a especialista contou que vítimas de violência sexual têm muita dificuldade em pedir ajuda e em falar das agressões recebidas. Por isso, “é fundamental que se sintam acolhidas pelo médico e equipe multidisciplinar quando decidem falar”. Só assim, enfim, torna-se possível estabelecer-se um vínculo de confiança.
Já Marco Scanavino, psiquiatra e médico assistente do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (FMUSP), especificou que cerca de 30% das mulheres vão sofrer violência de um parceiro ou não parceiro, ao abordar Atenção em Saúde Mental para Mulheres que Sofreram Violência Sexual. “Transtorno de estresse pós-traumático, depressão, uso de substâncias químicas e comportamento de risco estão associados a vítimas desse tipo de agressão”, relatou.
Mudança de paradigma
Compuseram a mesa de abertura Lavínio Nilton Camarim, presidente do Cremesp; Vinícius Schurgelies, Diretor Presidente do Instituto do Legislativo Paulista da ALESP; além dos organizadores da obra, Reinaldo Ayer de Oliveira, conselheiro e coordenador do Centro de Bioética do Cremesp; Nadir E.V. Barbato de Prates; e Janice Caron Nazareth, do Conselho Consultivo do Centro de Bioética. Também estiveram presentes ao lançamento os demais colaboradores da obra.
Legenda – Na mesa de abertura Janice Caron; Reinaldo Ayer; Vinícius Schurgelies; Lavínio Nilton Camarin e Nadir Prates
Para Lavínio, o país ainda engatinha no combate à violência contra a mulher. Uma obra como essa, portanto, “pode colaborar para uma mudança de paradigma". A intensa produção de livros, por meio do Centro de Bioética, foi ressaltada por Reinaldo Ayer, que explicou: o projeto surgiu a partir de seminário promovido pela Casa, no qual especialistas expuseram suas ideias sobre o tema.
Um pouco sobre a obra
De uma forma clara e delicada, trata basicamente deste problema que tem a inequidade de gênero como o cerne, sendo que a violência acontece tanto por meios comissivos e dolorosos de agressão, que são deliberados, quanto nos omissivos, que envolvem falta de oportunidades iguais às concedidas ao sexo oposto.
Entre outras, no livro Bioética e Violência contra a Mulher são focalizadas, em mais de 20 capítulos, questões como Perfil da Brasileira que Sofre Violência; Maioria das Mulheres Assassinadas morre pelas Mãos do Homem Que Ama; Delegacia da Mulher: Acolhimento ou Humilhação?; e O Abuso Sexual como Conflito Ético no Conselho Regional de Medicina de São Paulo.
Interessados em receber a obra devem entrar em contato com a Biblioteca do Cremesp, pelo telefone (11) 4349-9982, ou fazer o download gratuito no link.
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