Compaixão e empatia são qualidades humanas essenciais que permitem sentir, entender e responder ao sofrimento dos semelhantes, fazendo com que sejam mantidas as relações de cuidado.
A capacidade de cuidar foi considerada pelo filósofo e escritor alemão Martin Heidegger como “um aspecto fundamental da condição humana”: para ele, quaisquer sociedades e culturas tendem a dedicar “cuidados compassivos” aos doentes – em especial, aqueles em fase final de suas vidas, atendendo a uma espécie de “resposta humana universal” à dor.
Derivada do Latim, a palavra “compaixão” significa “suportar com” ou “sofrer com”.
Ter compaixão ou “sofrer com o outro” implica na qualidade de identificação com a dor alheia e também numa escolha ativa: por meio dela, o ser humano reconhece no outro as mesmas condições de sofrimento e de mortalidade.
A ação compassiva é a disposição para ir além do interesse próprio. Corresponde a doar-se para o bem do outro, deixando de lado as próprias necessidades, por vezes, em favor de um todo, que é a humanidade. A esse respeito, a compaixão é semelhante ao “altruísmo” – da mesma forma, sentimento relacionado com afetos e instintos, com a diferença de que o segundo depende da educação, “ingrediente” capaz de torná-lo predominante ao seu oposto, o egoísmo*.
Já “empatia” deriva do grego e significa “sentir” ou “sentir-se em” sendo um dos componentes da compaixão. É algo passivo e tolerante, que leva a uma conexão profunda e mútua de intimidade e reconhecimento de vulnerabilidade do próximo.
Desenvolver empatia é reconhecer e compreender, sem reservas ou julgamentos, o sofrimento do outro, e envolve acompanha-lo nessa experiência dolorosa sem tentar muda-la ou se afastar. É um profundo apreço pelo que realmente é estar na situação de uma pessoa, a partir da perspectiva dela, e tentar aliviar seus sofrimentos – e é por isso que a compaixão às vezes é chamada de “amor em ação”.
A falta de empatia conduz à “desconsideração” – que desconsidera a pessoa em si, os seus valores, o seu sistema de crenças ou os seus desejos*. É não permitir diferentes percepções.
É frequente que indivíduos em fase de morte estejam sujeitos a sentimentos de isolamento, solidão e desamparo – e isso pode ser amenizado pelo forte senso de conexão com o outro que a empatia traz. Para o cuidador, também é uma experiência que pode oferecer a satisfação de um relacionamento íntimo exclusivo.
Simpatia
A empatia apresenta grande relação com a “simpatia” **, outra palavra de origem grega. Em seu Tratado da Natureza Humana (A Treatise of human nature. 1738) David Hume (filósofo e historiador britânico) afirmava: "ninguém é completamente indiferente à felicidade ou a miséria dos outros".
A noção de que a simpatia é um sentimento que vincula as pessoas umas às outras foi proposta pelo mesmo Hume. “Nenhuma qualidade da natureza humana é mais importante, quer por si, quer por suas consequências, do que a propensão que temos para simpatizar uns com os outros, para receber por comunicação suas inclinações e seus sentimentos, por mais diferentes que eles sejam dos nossos, ou mesmo contrários”.
Tomando por base as ideias de Hume sobre simpatia, John Gregory (médico escocês que estabeleceu, no século XVIII, as bases para a Ética Médica contemporânea) afirmando ser a simpatia fundamental para uma adequada relação médico-paciente.
Fontes:
Macmillan Encyclopedia of Death and Dying; The Gale Group Inc.
* Dos referenciais da Bioética – o altruísmo. William S. Hossne, e Leo Pessini. Revista Bioethikos - Centro Universitário São Camilo
** Compaixão, Simpatia e Empatia, José Roberto Goldim, Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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