Bioética Hospitalar

Foi bastante proveitosa a manhã de sábado, dia 29 de maio, às cerca de 150 pessoas que estiveram presentes ao Simpósio de Bioética Hospitalar, organizado pelo Cremesp em parceria com a Sociedade de Bioética de São Paulo e com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz – que sediou o evento, realizado em um de seus anfiteatros. Durante mais de quatro horas a platéia pôde acompanhar palestras e discussões cujo foco central se dirigiu a temas bioéticos presentes no dia-a-dia dessas comissões.

O objetivo principal foi iniciar a discussão sobre a constituição – e/ou a ampliação do número – de comissões de Bioética Hospitalar em São Paulo, “idéia que não é exatamente nova, considerando-se que já existem bons exemplos do gênero, como acontece no Hospital Oswaldo Cruz” ressaltou o conselheiro Reinaldo Ayer de Oliveira, coordenador do encontro, bem como, da Câmara Técnica Interdisciplinar de Bioética do Conselho, além de presidente da Sociedade de Bioética de São Paulo.

Temas
O ciclo de palestras começou às 8h30 com um “passeio” pelo universo da Ética e da Bioética e suas bases, “conduzido” por William Saad Hossne, professor emérito da Faculdade de Medicina de Botucatu (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), e coordenador do Curso de Pós-Graduação/Mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo.

Depois,  Hossne abordou especificamente os desafios das Comissões de Bioética Hospitalar, entre os quais, o relacionado ao fato de o paciente haver deixado de usar como principal referência o médico que o atende, e sim, a instituição onde faz seu acompanhamento. Por isso, a garantia de funcionamento ético dos hospitais por parte de gestores, diretores e profissionais torna-se essencial.

“Hoje, em vez de dizer o nome do médico, o atendido fala sou ‘paciente do Einsten (Hospital Israelita Albert Einstein), ou Incor (Instituto do Coração/HC)’”.

Terminalidade da Vida, outro tema bastante recorrente em meio aos questionamentos encaminhados a tais comissões, foi defendido por Gabriel Oselka, coordenador do Centro de Bioética do Cremesp. Segundo ele, médicos com determinadas linhas de pensamento desrespeitam o direito do paciente de não aceitar prolongamento desnecessário da própria vida. “Parte dos profissionais considera isso como derrota pessoal; outra, que seu dever é fazer isso mesmo; mas a maioria, na verdade, parece recear sanções na justiça e nos conselhos de medicina”.

Dentro do mesmo assunto, Oselka citou a Resolução CFM Nº 1.805/2006 (temporariamente suspensa por decisão liminar da justiça e que, entre outros pontos, permite ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal). “Nós do Cremesp temos a convicção de que, quando o mérito da resolução for discutido em definitivo, a decisão será mudada”.

Também fizeram parte do corpo de palestrantes Toshio Chiba, coordenador geral do Ambulatório de Cuidados Paliativos do Instituto Central do Hospital das Clínicas, falando  sobre Cuidado Paliativo e Vera Cristina Weissheimer, capelã, professora e autora da série de livros Encontro com Deus, cujas palavras versaram em torno de Bioética e Espiritualidade. O simpósio encerrou-se com debate movimentado pelas perguntas da platéia. 

Algumas frases

- Em Bioética há que se ser bom ‘violinista’, tem que saber tocar em orquestra. Não há lugar para solistas – William Saad Hossne, coordenador do curso de pós-graduação/Mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo

- Não sou contra a criação de Comissões de Bioética. Só que teremos que dizer para que elas devem existir, qual será exatamente o seu papel – William Saad Hossne, coordenador do curso de pós-graduação/Mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo

- Há um  número enorme de pacientes cujas vidas estão sendo prolongadas de maneira desnecessária, ainda que essa não tenha sido sua opção – Gabriel Oselka, coordenador do Centro de Bioética

- Desejo que consigamos pensar na fé não como aquela que concorda com nossos dogmas,  mas com a referente à força que impulsiona nossos pacientes a lutarem pela própria saúde – Vera Cristina Weissheimer, capelã

- Nas últimas décadas o processo de morrer se prolongou de maneira exponencial. Sim, a morte é considerada hoje um processo, não um episódio – Toshio Chiba, coordenador do Ambulatório de Cuidados Paliativos do HC

  


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