Comunismo, Saúde pública e Bioética
 
Nascido na Sardenha, na cidade de Sassari, Berlinguer era filho de um advogado defensor dos direitos humano e irmão de Enrico Berlinguer, último grande líder do Partido Comunista Italiano (PCI), do qual foi militante convicto.

A respeito deste assunto, contou, entre risos, em entrevista exclusiva concedida em 2002 ao Centro de Bioética, durante o Congresso Mundial de Bioética (confira aqui a íntegra): sua primeira visita ao Brasil, em 1951, como presidente da União Internacional dos Estudantes, foi quase impedida por obra e graça de Carlos Lacerda, que o classificou como “um comunista russo infiltrado”.

Esses esforços, felizmente, não limitaram sua entrada no país inspirando a reforma sanitária que culminou no SUS.

Além desses temas em justiça, Berlinguer escreveu dezenas de livros e artigos, sendo que um dos mais conhecidos, “O Mercado Humano” foi publicado em parceria com Garrafa. A respeito deste, falou ao Centro de Bioética: “Reconheço que a área de transplantes de órgãos constitui-se numa das mais importantes descobertas da Medicina moderna e numa das mais nobres expressões da solidariedade humana. Por outro lado, tanta ênfase à tecnologia é capaz de reduzir o corpo humano a uma espécie de ‘máquina’ a ser dividida em partes, incentivando a criação de uma verdadeira indústria produtor de órgãos”.

Entre as homenagens pelo seu falecimento esteve mensagem do presidente da Itália, Sergio Mattarella, que o descreveu como uma “pessoa com personalidade brilhante, elevado senso moral” e que combinava, como poucos, “paixão civil, rigor científico e profundo senso de humanidade”.