27-04-2018

Para detectar Dengue e Zika

Deu na edição de 26 de abril da revista científica Science: novo sistema para diagnóstico rápido consegue detectar o vírus da Dengue e Zika diretamente de amostras de pacientes. Isso de maneira precisa e sem a necessidade de preparações ou equipamentos laboratoriais.

Trata-se da capa desta edição de Science: a plataforma de diagnóstico Sherlock (abreviação em inglês para Desbloqueio Enzimático Específico de Alta Sensibilidade) foi descrita por pesquisadores dos Estados Unidos e do Brasil, conforme a Agência FAPESP.

Permite detectar ácidos nucleicos (RNA e DNA) em vários tipos de amostras, de forma bastante específica, por meio de uma reação enzimática que pode ser feita em um tubo de ensaio ou em tiras de papel, mesmo longe do laboratório. (Até agora, para processar as amostras de pacientes nessa plataforma, era necessário extrair e isolar os ácidos nucleicos ali presentes, o que requer infraestrutura laboratorial e pessoal treinado, dificultando a realização em campo).

Para facilitar e baratear o processo, a equipe coordenada por Pardis Sabeti no Broad Institute criou o Hudson (abreviação em inglês para Aquecendo Amostras Diagnósticas não Extraídas para Obliterar Nucleases), um tratamento químico e térmico para ser usado nas amostras com o objetivo de inativar certas enzimas que, de outra forma, degradariam os alvos genéticos.

O novo método possibilitou à enzima detectar seu alvo diretamente em fluidos corporais como saliva, urina ou sangue. As amostras podem então ser processadas por Sherlock e os resultados finais, positivos ou negativos, são facilmente visualizados em tiras de papel.

“Ferramentas rápidas e sensíveis são essenciais para diagnosticar, monitorar e caracterizar uma infecção. Este sistema está nos aproximando ainda mais de um diagnóstico rápido e fácil de usar, que pode ser implantado em qualquer lugar”, disse Sabeti em comunicado do Broad Institute.

A validação do novo sistema foi feita com amostras de pacientes brasileiros coletadas no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado por Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

“Temos feito estudos epidemiológicos com a dengue nos últimos 15 anos e, mais recentemente, também com o Zika. Isso nos permitiu ter uma coleção de amostras muito grande e bem caracterizada”, disse Nogueira à Agência FAPESP.

O pesquisador conta que há mais de 10 anos tem colaborado com pesquisadores do MIT na busca por tecnologias rápidas e baratas de diagnóstico, que possam ser usadas em campo para monitorar epidemias em tempo real.

O grupo de Sabeti mostrou ser possível desenvolver rapidamente ensaios adaptados para discriminar, usando a plataforma Sherlock, os quatro sorotipos do vírus da dengue e as diferentes linhagens do Zika que circularam pelo Brasil entre 2015 e 2016.

Veja o resumo do artigo Field-deployable viral diagnostics using CRISPR-Cas13 (doi: 10.1126/science.aas8836), de Cameron Myhrvold, Mauricio L. Nogueira e outros em http://science.sciencemag.org/content/360/6387/444

Fonte: Agência FAPESP


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