23-02-2018

Ofensa à ciência

Há seis décadas, Elisaldo Carlini, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) se dedica a estudar o efeito das drogas, em especial, da maconha. 

Para dar uma ideia sobre seu currículo acadêmico robusto, vale dizer que foi citado cerca de 12 mil vezes em pesquisas científicas nacionais e internacionais relacionadas ao tema. 

Isso não parece ter impressionado o Ministério Público Estadual de São Paulo (MPE) que, por meio de uma de suas promotoras, intimou o professor de 87 anos a prestar esclarecimentos em inquérito para apurar se havia feito “apologia ao crime”. 

A intimação ocorreu devido ao teor de convite a um dos possíveis palestrantes de simpósio internacional sobre maconha – o qual, aliás, Carlini organiza desde 1995: em resumo, a promotora teria se “indignado” com o conteúdo do documento que continha, na opinião dela, “fortes indícios de apologia ao crime”. 

“Para trás” 
Em entrevista à rede BBC, o velho professor – que se recupera de operação de um câncer de bexiga e lida ainda com outro tumor de próstata – disse que “quase caiu para trás” ao ser intimado. 

Contou ter sido sempre contra a classificação da maconha como uma droga perigosa, tendo defendido na academia seu uso medicinal – mas nunca o recreativo. Apesar de haver sido tratado com cordialidade na delegacia onde depôs, afirma: “senti uma revolta imensa, porque sempre pude falar dos efeitos positivos da maconha e nunca tive problemas. Isso é uma ofensa para a ciência brasileira”. 

De acordo com o advogado Cristiano Maronna, representante de Carlini no caso, a convocação é uma “ilegalidade flagrante, uma violação da liberdade de investigação científica, algo garantido pela Constituição”. 

Fonte: BBC Brasil


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